5 de fevereiro de 2012

Julia Calvo: "Eu queria ser como Janis Joplin"

 As anécdotas se empilham sobre a mesa do bar de Correntes. Qualquer delas poderia ir ao
lugar, ou abrir a nota ou merecer um parágrafo á parte. Para tudo tem lembranças pontuais, que sabe contar com graça e que, alinhavados com um mesmo fiu, bem poderiam se  converter em um monólogo de 'stand up'. Cada resposta tem condimentos de cena, com clima, com espaço, com tempo. Como quando mergulha na infância e aparecem os traços de seu ofício. "Quando menina eu estive namorando com Robert Redford e Alain Delon....Ou, ao menos, isso era que que eu imaginava. Minha mãe terminava de lavar os pratos e me deixava a cozinha para mim sozinha: me sentava na mesada e começavam a aparecer meus personagens imaginários, eu dava a fantasia como louca", reconhece Julia Clavo, a morena a que a altura não permitiu ser aeromoça de Iberia, mas a vocação abriu as portas da atuação.

"Me lembro que no terceiro grau me tiraram da aula para ensaiar um ato pelo Dia dos Professores. Uma garota fazia de Sarmiento, outra fazia de menino bom... e pra mim escolheram o menino mau. Meu personagem  matava passarinhos e depois recebia o sermão de Sarmiento. Adorei a idéia de atuar, que eu cheguei a anotar em danças escocesas...E enquanto fujia de classes. Meu pior fantasma era matemática", adimite a atriz com 30 anos de oficio, ao que se dedicou uma vez que soltou seu desejo de voar, que abandonou a carreira de desenho publicitário e que soube que já não podia cumprir um de seus sonhos.
"Eu queria ser como Janis Joplin", disse ao passar, como presenteando sem querer o título da nota. Talvez, para as novas gerações esse nome não signifique tanto, mas a cantante estadounidense foi um ícone de arte, rebeldia, e hippismo, um emblema de transgressão que morreu aos 27 anos. "Tudo seu me impactava. Olhe que irei lhe contar: quando fiz a segunda temporada de Casi Angeles, no Gran Rex, eu baixava de uma cúpula. Quando olhei e vi o fanatismo das pessoas...me senti como ela", se entusiasma, com um café e um ventilador que mostra com corte espanhol.
"Meu pai se dedicava ao papel e, quando eu tinha 12, tive a chance de ir trabalhar a Espanha ou Finlândia. Escolheu Espanha. Vivemos ali quatro anos e conheci as pessoas de meus avós, Ciudad Rodrigo, em Salamanca. Foi muito forte essa viagem ao passado", comenta, como fazendo o próprio desde a palavra.

Figura que se destaca na posta de El diluvio que viene ( El Nacional, de quarta a domingo), onde dança, canta e atua, confessa que tem "relação fluída" com seus velhos tempos de menina, repartidos entre Congresso, Belgrano, Coleiais e a angostitas ruas de Madrid: "Faço memória e me vem lembranças generosas, boas, com ricos cheiros. Agora que falamos disso, saiba que coisa louca que me acontece hoje. Estava em casa, e no patio de baixo havia um bebê que nasceu faz uns meses e sua avó dizia ' Onde está a menina? Aqui está a menina'. E tive a sensação, nítida, de me lembrar de quando garotinha me diziam isso. Talvez eu era maior, mas eu lembro perfeitamente. Faz um tempo que estou me amigando com essa imagem, porque nessa vertigem de me expor, de laburar, cheguei a essa idade e vejo minhas sobrinhas crescidas, me dou conta de que entrei ao Conservatório (de Arte Dramático) faz 31 anos e logo percebo o crescimento. Me vem na cabeça coisas que antes não estavam presentes. Estou como resignificando a essa menina".

No meio da conversa, seu representante, via celular, confirma que a metade do ano fará Las Brujas de Salem. "Até Padre Coraje (2004) me gerenciava os contratos sozinha, mas depois tive representante. Sempre o digo: 'Pra mim não coloque nada de licença sabática e essas coisas'. Eu sou uma laburante", declara, a pouco de ter terminado Cuando Me Sonreis (por Telefe), e com a mira posta em um projeto que tem junto a seu amigo Jorge Suárez para o ano que vem, sobre Manzi e Nelly Omar.

Maestra de atuação, compartilha o dia que se sentiu atriz não foi quando pisou num cenário, "se não uma aula. Estava no segundo ano do conservatório e fazíamos umas jornadas que chamavam 'maratonas' e consistiam em que cada grupo recorresse cinco aulas fazendo uma mesma perfomance.  Ou seja, não se renovava o público, que ficava sempre no mesmo lugar, se não que os que trocavámos éramos nós. Se tratava de fazer o mesmo várias vezes no dia e aí senti o que significava recrear".
Tem 50 anos, anécdotas para todos os gostos e graça para todas as anécdotas, como quando conta que por mais que esticava o pescoço, faz 32 anos, "não chegava nem louca a marquinha que havia na parede com altura mínima para ser aeromoça". Foram esses oito centímetros de menos os que permitiram fazer seriamente o que de menina estava jogando.

Fonte: Clarin/Revolucion Teen
Tradução: Fã Clube Casi Angeles

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